terça-feira, 1 de outubro de 2013

Céu E Terra, Nós

Há um tempo ando meio "desaparecido", ou melhor há um tempo não posto, apenas isto. Na verdade, sei que existem milhares de temas e ou acontecimentos que merecem comentários, crônicas ou observações. Há também, justamente um desejo bem consciente em meu caso, de pouco falar. Sinto que deveríamos usar mais, e muito mais nossas habilidades "telepáticas", elas existem, não duvide. A sonda Voyager, lançada há trinta e seis anos, pela NASA, deixou o Sistema Solar. Ela está há dezenove milhões de quilômetros da Terra, agora vagando pelo espaço sideral. Leva consigo mensagens, imagens, sons de nossa voz e música, alguns pequenos objetos, vestígios nossos. Para que? Segundo nossas expectativas ao ser interceptada por alguma outra forma de vida inteligente, um pouco de nós seja por eles conhecido. Bem pouco, sejamos sinceros. Nós que mal desvendamos os mistérios dos abismos oceânicos, enviamos para o espaço um artefato que, agora faz o papel de uma mensagem de náufrago, lançada ao oceano em busca de socorro, algum auxílio, a esperança da visão de um semelhante, para resgatar-nos. Nós, tão frágeis quanto o planeta, buscamos fora, longe, o mais distante possível; companhia que se assemelhe a nós. A grande dúvida do existir. A busca por respostas para perguntas eternas. A sonda não mais retornará, a sonda nem é viva. Mas a vida está nela através das mentes que a conceberam e das mão que a construíram. Vestígio humano na sonda, nossas digitais. Aqui, ao nosso lado. Ali em quem anda na mesma rua e em voce, em mim. Dentro. Bem dentro de nós está o segredo. "O segredo é um caracol", como escreveu Clarice Lispector. Tão dentro de nossa casa única que nem percebemos, talvez por muito temer. Fugimos ou buscamos? Enviamos mensagens ao mar, sondas ao espaço, sms e postagens na rede, assim como faço agora. Fazemos isso porque insistimos em não mergulhar no único lugar onde seremos reconfortados, por ora! Dentro, bem dentro de nós.