segunda-feira, 28 de março de 2011

Haiti, Japão

As semelhanças terminam no fato de ambos serem ilhas. Ah! Quase me esqueci, são habitados por seres humanos também. Um tem o terceiro pib do planeta. O Outro podem ter certeza praticamente não o possui, se se puder considerar pib, algo infinitamente menor do que o próprio benfeitor maior da ilha nossa vizinha guarda em seus cofres. Bill Gates é hoje um dos maiores "investidores sociais" do Haiti. Voltou-se para os países pobres há algum tempo. Promovendo campanhas diversas, desde vacinação em massa da população até negociações com organismos financeiros internacionais em busca de "perdão" de dívidas dos mesmos. Arrecada somas significativas de bilionários pelo planeta afora, com a finalidade de transferir estes recursos em prol de melhorias das condições de vida das populações locais. Bill Gates, percebeu algo que vai muito além de sua dimensão como empresário e inovador de tecnologias. Tenham certeza, percebeu, e é completamente ciente de sua finitude. Não precisa mais acumular fortuna. A outra ilha, que passou recentemente por um dos piores terremotos de sua história, aqui não questiono o fato de também merecer auxílio. Recebeu agora como ajuda humanitária algo aparentemente improvável. Três grandes gravadoras se uniram para lançar coletânea com grandes nomes da cena musical internacional, revertendo os lucros das vendas para a cruz vermelha japonesa. Não me lembro de algo parecido no caso do Haiti. Inclusive, quem agora se lembra do Haiti? Quase trezentas mil pessoas faleceram no país americano. Calcula-se algo em torno de um milhão de desabrigados, ainda sem moradias adequadas, antes também não haviam muitas. Mutilados, orfãos, famílas completamente transformadas por um terrremoto também. Não ouço mais lamentos pelas vítimas haitianas. Não ouço alarde em anunciar a união de grandes grupos em auxílio tão pronto. Mas, é claro que existem milhares de anônimos hoje, tanto no Haiti quanto no Japão em auxílio à vítmas tão semelhantes, humanas. Vejo comovidas demonstrações de apoio ao país do sol nascente. Sol que brilha com intensidade maior na ilha do lado de cá. Wiclef Jean, haitiano que é, continua em sua missão de socorrer irmãos e correndo riscos. O Japão também corre. Mas, um é o terceito pib do planeta. O outro...é aqui.

sábado, 26 de março de 2011

Bertola e os Noctívagos


A mente humana, sua complexidade, perguntas, expectativas e frustrações. As múltiplas facetas de nossa condição animal racional. Limitados, inseguros e inconstantes, ambíguos. Mas também, criativos, questionadores, animais curiosos em constante evolução. Talvez isso e mais um pouco possa definir o trabalho da banda Bertola e os Noctívagos. Doze canções, ou melhor, doze excelentes canções. O Lodo da Mente é o título do primeiro álbum. Muito bem produzido por Léo Moraes, leia-se Pato Multimídia. Um álbum significativo da leva de novos trabalhos da cena atual de Belo Horizonte. Forte, rock´n roll sem economia. Arranjos bem cuidados e executados para carregarem a voz quase monocórdica e emblemática de Flávio Bertola, que desfia toda a sua mordaz e inteligente habilidade para lidar com as palavras, em versos muito bem dispostos. A fauna humana nos é apresentada. Em suas singularidades e similaridades. Músicos com desenvoltura para assegurar o caminho de canções expressivas e contundentes. Quando parecem surgir aos montes bandas apenas seguindo tendências de mercado, Bertola e os Noctívagos, vão até as raízes do rock para brindar-nos com a sinceridade autêntica que o estilo proporciona. Uma banda de guitarras, uma banda de rock, lutando contra o grande monstro, e vencendo.
http://myspace.com/bertolaeosnoctivagos

terça-feira, 22 de março de 2011

Infância Roubada


Algo em torno de 27 milhões de jovens e crianças no Brasil vivem em uma linha não muito confortável materialmente, some-se a isto todos os agravantes de viver em um ambiente "familiar" desestruturado. Pais com poucas condições para prover famílias, desajustes de toda ordem. Alcoolismo, outras toxicomanias, fumo, "crack", que agora parece reinar entre os "miseráveis" com toda desenvoltura. E entre a "turma" supostamente bem nascida também. E temos aí milhões delas simplesmente em plena infância e adolescência jogadas ao lixo. Muitas nem sonham mais.  Nossa sociedade, sem cerimônia alguma vira as costas para todas as questões que mereciam discussão exaustiva e atitudes contundentes para eliminá-las. Mas, vamos aos estádios. Gol! Aos shoppings, novos templos de catarse coletiva, comprando aliviamos as pequenas dores do viver. Ilusão!  Aos clubes e nos divertimos. Nossos filhos estão bem e protegidos.  Sentados diante de monitores de lcd, torcemos por este ou aquele candidato a um milhão. O próximo feliz cidadão endinheirado. Este não terá problemas materiais, seus problemas serão com a doce e decantada "fame", leia-se David Bowie. Nos compadecemos com o sofrimento dos perdedores. Mas quanto de nosso tempo perdemos com o sofrimento e dor de crianças e jovens mal servidos por nosso sistema? Quanto de nós merece sofrer por isso? Acreditamos que quase nada. Este problema, herança colonial, não é nosso. É um problema das autoridades constituídas. Pagamos nossas contas diárias para que eles administrem esses detalhes. Então, sem pudor algum, entregamos crianças e jovens aos exploradores de toda ordem, eles cuidam delas por todos nós. E que o grande senhor de todas as vidas, proteja os despossuídos. Lavamos nossas mãos e vamos ali comprar um pouco mais de fantasia  e ilusão, por enquanto.

sábado, 19 de março de 2011

A Evolução, A Contradição


Nossas heranças culturais nos norteiam, sempre. A contradição talvez seja um dos piores incômodos que possam atordoar nossas mentes, e as vezes trazer-nos alguma insônia. Estranho como o que acumulamos em "saber" muitas vezes coloca-nos em posição de grande arrogância diante de outras culturas. Relativizo "saber", pois estamos sempre em posição privilegiada, nem muito esforço precisamos fazer para que as informações sejam gravadas em nosso cérebro. Simplesmente a evolução nos capacitou. Missionários cristãos ainda hoje carregam toda a certeza de que ao levar seus "ensinamentos" a culturas indígenas aqui no Brasil, em outros países das Américas, da Ásia ou da África, estão salvando estas pessoas da "escuridão". Somos realmente muito arrogantes. Contraditórios, nos arvoramos em nossa certeza. Nossa razão é a correta, salvemos os não "civilizados". Isso não era pra ter se extinguido? Nossa arrogância não permite. Nossa extrema presunção em relação ao "nosso" controle, não permite. Não evoluiremos de fato, simularemos uma evolução. Somos ocidentais, pragmáticos, objetivos e extremamente materialistas. Por isso merecemos maior sofrimento, pois os que herdaram o verdadeiro conhecimento, não sofrem. Estamos muito distantes ainda do equilíbrio, da percepeção de nossa interdependência, da busca natural por algo "comum". Não suportamos o comum, pois nos reconhecemos nele. Um empresãrio chinês, portanto não ocidental, esta semana contratou pessoas para destruírem em público um automóvel fabricado na Itália, avaliado em cifras em torno de 1 milhão e meio de reais, o automóvel apresentava problemas, solucionáveis claro, que o proprietário não pode suportar. Incomum que é, destruiu algo que se transformado em moeda poderia alimentar centenas de pessoas. Somos tão evoluídos. Nós ocidentais exportamos para o mundo nossa presunção, claro que também exportamos comportamentos e criações positivas. Mas como pesam as que nasceram da nossa arrogância. Contaminam e traem a civilidade. Mesmo assim conseguem seguidores. Pobres todos nós.

terça-feira, 15 de março de 2011

Pura Energia


Toda a tecnologia, todo o saber que envolve o desenvolvimento de novas tecnologias, toda a nossa certeza cartesiana, toda a razão lógica pura, não suportaram as forças naturais. Jamais suportarão. Agora milhões de pessoas apreensivas buscam proteção contra a radiação que se espalha e não é apenas no Japão. Todos do planeta agora parecem perceber o estado de fragilidade ao qual estamos submetidos, estamos sobre um planeta vivo. Suas forças nós não podemos controlar, suas reações naturais, seus ajustes tectônicos, nada podemos. Nossa verdadeira condição está mais que explicitada. Ordem para receber rações de comida. Estáticos sobre uma passarela que escapa-lhe dos pés. Calmos, talvez os únicos com a certeza do poder sobre humano das forças naturais. Assim reagem os atingidos por terremotos, ondas gigantes e por último os efeitos da radiação. Radiação esta, provocada por elementos tão naturais quanto todos nós. A energia pura, concentrada em elementos ancestrais, minerais com a capacidade de gerar calor e com este produzir energia elétrica que movimenta nações inteiras. Um país sobre fendas marítimas, uma ilha simbolizando o próprio planeta, ilha vagando em órbita conhecida, mas livre em um universo praticamente desconhecido. Apenas as luzes distantes nos dão algum alento e dizemos: Aquele brilho é de estrelas que se apagaram a milhares, milhões de anos. Este nosso único alento, o brilho de estrelas. Sim, estrelas possuem brilho, estrelas possuem materiais orgânicos em combustão intensa, até sua extinção. O brilho é o que vemos. Estrelas assim como a terra são vivas. E nós? E nosso brilho ou luz? Estão realmente dentro de nós? Agora eclipsado, pois diante de nós a realidade bate. Tão naturais quanto o planeta e o universo, quem consegue, percebe nossa condição primeira. Pura energia.

sábado, 12 de março de 2011

Apenas Aparências


Entre as 100 mais conceituadas universidades do mundo, 7 das que ocupam os 10 primeiros lugares são norte-americanas. Nenhuma universidade brasileira aparece nesta lista. Todos os países que alcançaram status de desenvolvidos investiram na educação sempre e cada vez mais investem. Todas as nações que conseguiram erradicar doenças endêmicas graves e distorções sociais marcantes investiram na educação. Todas as nações que fizeram uma distribuição mais justa de renda, investiram em educação. Saia pelas ruas do país, do Brasil e procure observar a partir do comportamento das pessoas, quais são suas prioridades. A parcela que colocará o ensino como prioridade será a menor. Estamos muito distantes ainda da consciência plena das transformações possíveis adquiridas com a educação. Tudo se transforma. Mas vivemos em um sistema onde partidos políticos fazem o inaceitável, registram em cartório a partilha de cargos "públicos", e, descumprem o acordado. Aconteceu no interior de Minas Gerais. Nação onde a Lei da Ficha Limpa é burlada com "artimanhas" jurídicas, para empossar candidatos que respondem a processos judiciais, inclusive por uso indevido de verbas públicas. E conseguem ocupar os cargos. Nação onde "leis", precisam "pegar". Assim, será que esta lei vai" pegar"? Nação complexa, gigantesca, tantos brasis dentro de um grande Brasil. O Supra-sumo e a miséria convivem lado a lado. Fingimos estar tudo bem, mas não está.

terça-feira, 8 de março de 2011

Alegria, Samba e Lágrimas


Carnaval, mais um em nossas terras continentais e esplendidas. Sempre convidativas à diversão, ao deleite em dias e noites regados a música, praia ou cachoeiras, lagos ou rios, não importa. Baco, a guiar-nos embriagados. Nas estradas, no primeiro dia de festa, morte. Nem ao destino final chegaram os viajantes. Nossa tragédia diária não nos deixa esquecer, nossa imprudência, nossas desculpas. Nem mesmo os filhos que amamos nós perdoamos, muitos também não brincaram embalados por vários de dezenas de rítmos da riquíssima cultura nacional, mortos. Ansia em chegar onde nem mesmo sabemos. Ultrapassar o inimigo? Mas, na mesma estrada não viajam juntos nossos "irmãos"? Há inimigo? Existe rival? Não!. Correm juntos os que vão de encontro ao samba, ao frevo, maracatus, bois. Os rítmos todos, como a esperar aqueles para as danças em réquiem. Deveriam ser de celebração da vida, sempre! Mas aqui as transmutamos. Vamos celebrar o início do fim de vidas inocentes, que desavisadamente correm para o abismo. Vamos sorrir alcoolizados e entorpecidos, vamos morrer em mais um carnaval. Estatísticas anuais engordam o número de óbitos. Tão frágeis em si as desculpas proferidas. Tão desalentadora a crença de que mudanças reais aconteçam no íntimo dos que saem para a festa de alegria, vida e verdadeira celebração. Mas, vamos sonhar com o próximo carnaval. Vamos cantar, dançar e reverenciar a vida. Vamos!

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Chip

Ouvi hoje a notícia de que uma universidade norte-americana, desenvolveu um chip de um milímetro de comprimento que tem um sistema computadorizado dentro de si. Em princípio o chip será usado para medir pressão no globo ocular. Mas, depois? Depois não, agora nesse instante voce que possui um aparelho celular ligado ou desligado, mas com a bateria conectada, é encontrado em qualquer ponto do planeta. O grande irmão, nos encontra onde quer que estejamos com nossos rastreadores móveis. Tudo em nós praticamente já foi desvendado, biologicamente falando. As sequências de nosso dna em breve serão todas identificadas e "controladas". Isso em nosso corpo. Imagine o que não farão os "donos" do mundo para ter o controle total de nossos passos. Farão tudo. Não vivemos em um mundo de ficção científica, pois não é mais ficção. Já é real. Somos o tempo todo monitorados e "seguidos". Sabem quase tudo sobre nossos hábitos de consumo, preferências culturais e lazer. Sobre nossas despesas com saúde, educação e compras diversas. Nossos números de cartão de crédito dizem tudo isso a eles. Trocam entre si informações ao nosso respeito, os "bons" clientes. Os que devem ser "cativados", mantidos e aproveitados. Vamos como um bando de "cheeps" para onde eles decidirem. Vamos às compras em promoções espetaculares, vamos ao consumo salvador e redentor. Para eles. O sistema somos todos nós,  mas o controle é apenas deles. Tenham certeza são competentes e parece que nosso comportamento os fazem praticamente indispensáveis. Porque queremos a comodidade de não "pensar". Eles pensam por nós. Criamos tudo o que aí está. Nosso universo individual e complexo, gerou tudo o que temos a nossa volta. Mas, nos sentimos ainda "perdidos". O dia da salvação chegará em um chip da cura de todo o mal. Tenha certeza ele chegará.