sábado, 1 de outubro de 2016
Quem Souber!
São tempos sombrios estes atuais. Mas também não eram sombrios os dias que antecederam todas as grandes guerras e que presenciaram as epidemias, catástrofes naturais ou provocadas por mãos humanas? Sim também eram sombrios. Contudo, vendo-os à distância, apenas o agora pesa sobre nós e nossas mortais e incertas vidas. Mundo afora cresce o número de "pentamilionários", sim, agora, segundo especialistas e consultores financeiros, esta "nova classe", possuidora de mais de 5 milhões de dólares a seu dispor poderá viver os restos de suas vidas sem se preocupar com a manutenção das mesmas, pois garantiram com trabalho próprio ou herdaram o suficiente para tal. Irônico, são em número cada vez maior nos EUA, o templo das "oportunidades", enquanto a renda da pessoa "comum" na última década e meia caiu e cai. Definitivamente não seremos todos "pentamilionários", alguns comuns precisarão cuidar para que as fortunas deles se mantenham e, claro estes alguns serão mantidos em seus devidos lugares. O que além de segurança material nos garantirá o capital? Quem souber, por favor responda! Não, aqui não me refiro à possibilidade de sendo possuidor de abastados recursos financeiros podermos auxiliar mais pessoas, isto parece óbvio. Ou assim agem os abastados, ou de repente tem contra si voltadas a ira ou busca pela justiça "possível" de quem os serve. A certeza de um futuro material estável, sem privação alguma? Não. Por acaso podemos garantir o próximo segundo de nossas vidas? Não. Praticamente nada podemos, e mesmo assim, iludidos caminhamos rumo ao paraíso fugaz da certeza material. Insistimos talvez simplesmente por não sabermos, e por não saber, insistimos. E assim acreditando ou não em deuses, ou no capital, tendo fé ou não, merecedores segundo nós, ou não segundo outros pontos de vista. Continuamos marchando rumo ao nada. Em nada nos serão uteis os "pentamilhões" se não percebermos nossa total dependência da natureza... Lixões em diversos pontos dos oceanos acumulam resíduos utilizados cotidianamente por nós. Realmente estamos preocupados com nosso futuro? Quem souber, por favor...!
sábado, 9 de abril de 2016
Alimento, consumismo e egoismo ou "mesquinharias cotidianas"
Quase quarenta por cento da produção de alimentos do planeta é desperdiçada, seja no momento da colheita, do transporte ou do consumo. Quantidade essa suficiente para alimentar toda a parcela que ou está mal alimentada, ou simplesmente não se alimenta diariamente. O paradoxo está no consumo, enquanto uma parcela considerável não tem acesso ao alimento, privada por diversos fatores, mas acima de tudo o econômico, outra, tendo ao seu dispor o acesso a estes bens; os descarta sem cerimônia ou culpa. Jogam fora, assim, sem pudor põe no ´lixo´, o que não lhes serve mais. Ou, pior, “não estava bom”, “não gostei”, “não me agradou”. O egoismo nosso de cada dia exercendo seu papel, e com requinte. E que requinte. Dia desses, antes de entrar em um supermercado de uma rede conhecida, logo uma grande loja, com milhares de itens à disposição, uma garota me pediu um “trocado”, eu disse que na saída lhe daria. Mas, na verdade eu não estava com dinheiro, e por isso simplesmente comprei em maior quantidade alguns produtos para ao sair entregar a ela. Não foram muitos passos dentro da loja, quando ouvi de um outro consumidor com carrinho em punho, estas palavras: “Este supermercado não tem nada”. O que não condizia de forma alguma com a verdade. Em loja daquele porte faltava para aquela pessoa algo, ou faltava tudo. Vá saber! Talvez o vazio estivesse dentro, bem dentro e ele não percebendo, a visão da infinidade de gôndolas e prateleiras tratou de acender a incomoda luz da falta. A falta era dentro. Faltou a percepção de sua condição de “ privilegiado” em poder entrar em um supermercado e comprar, simplesmente escolher produtos e levá-los, poder pagar por eles. O consumismo nos tem distanciado do mundo real e principalmente do humano. E sinceramente, a correção para um caminho que nos leve ao encontro com o outro, parece lenta. É urgente escaparmos desse estado de hipnose consumista coletivo. Na verdade o tempo está contra nós, é mais que urgente, é vital. A garota estava lá fora, ela e outras duas, entreguei a elas a parte que separei para este fim. Agradeceram, e diante de mim, nenhuma delas abriu os pacotes para comer. Acredito que tenham levado para dividir com outras pessoas, mas isso já é outra história.
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