quinta-feira, 8 de março de 2012

Morrissey


Um privilégio, pois o prazer de ver e ouvir Morrissey em Belo Horizonte confirma simplesmente o que todas as pessoas presentes sempre souberam. Morrissey é único. Alguém que ao superar o fim de  uma das bandas mais cultuadas da cena britanica, The Smiths, construiu uma carreira sólida e constante. Abrir sua apresentação para uma platéia ávida, extasiada e pronta para o que ele desejasse, foi a forma mais que explícita de dizer: Obrigado por estarem aqui! Morrissey e seus músicos reverenciando o público. Belo e respeitoso gesto. Ele ao dizer o nome da cidade da forma como as pessoas o pronunciam corriqueiramente, "Beagá", fez-se igual em intenção similar a do público, reconhecer-se diante de pessoas que ele parecia conhecer. E existe algo que Morrissey não saiba? Conquista mútua e tome um palco despojado, pois todo o charme e elegância  estavam nos gestos nas reverencias e nos muitos "obrigado", "thank you", "gracias", ditos por aquele que todos aguardavam como se espera alguém familiar e amigo. Flores atiradas ao palco. Símbolo inequívoco de uma quase adoração. Morrissey ajoelhado e How Soon Is Now? Morrissey feliz a entregar suas camisas para a platéia e lançar-lhes sua Alma Matters. Morrissey, Morrissey, Morrissey, a platéia chamando, gritando ou pronunciando seu nome com a certeza naquele instante de saber. Ele está nos ouvindo. Ele sabe que o aguardávamos de braços, corações e mentes prontos, para também reverenciá-lo e cantar junto. Ele sabe que sempre precisamos dele, de sua poesia tão nossa e de sua voz, limpa, inconfundível, forte e definitiva cantando There Is a Light That Never Goes Out. Competentíssima banda, apresentada por ele um a um, levando a frente do palco seus músicos, dizendo-nos seus nomes e como a dizer: Olhem, eles e eu somos um só agora e estamos aqui por voces e para voces. Dancem, cantem e celebrem conosco, pois estamos aqui nesse palco dançando, ajoelhando e executando para voces as canções que voces e o mundo, alçaram a condição de suas também. Cantem conosco as canções dessa noite. Gritem, sonhem esta noite, pois eu Morrissey amo voces, e repetia "amo voces" e como haver dúvida? Gestos a dizer o quão humano é. E o que Morrissey precisa? "Eu sou humano e preciso ser amado..." E quase a dizer, não, eu talvez tenha recebido demais. Não, talvez eu não mereça todo esse carinho de voces. Mas sabendo-se sim merecedor. Reverencias e a voz feliz a dizer, "eu não esquecerei voces". Morrissey e seus músicos novamente em reverencia deixa-nos assim. Em estado de graça, sonhando com outras canções e plenos naquele instante por poder ouvir, ver e sabermos presentes onde ele também estava. Morrissey, Morrissey, Morrissey...obrigado!

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