domingo, 7 de agosto de 2011

Da Arrogancia

Um certo homem decide fazer uma limpeza étnica à sua volta, planeja por meses seu ato extremo, cuida dos detalhes. Nada poderá dar errado no dia marcado. Sua ação vai sim abalar psicologicamente uma nação inteira, além de repercutir pelo planeta afora. Este homem executará mais de 70 outras pessoas, humanas como ele. Pessoas comuns, contudo pessoas marcadas para que ele possa do alto de sua arrogância proferir que seu gesto é para o bem de sua nação, de sua "raça"; superior e pura. Em sua mente apenas a nobre intenção de seu  gesto maior. Assassinadas, destruídas e desonradas, isto sim por seu gesto. Inocentes, jovens, adultos. Mães e pais. Filhos dessa nação e de outras. Estas pessoas sofrerão a infame tarefa de expurgar o mal da mente do homem que decidiu assassiná-las. Ele está vivo. Ele profere que a mistura racial não é positiva ou benéfica, ele aponta os limites e falhas, segundo ele dos que se prestaram a essa  mistura. Ele tomou o lugar de um semideus, porém um deus miseravelmente só, triste e equivocado. Egoísta, pois não se posta em momento algum na pele daqueles que ele julga inferiores. Não tenta perceber a sua total semelhança e cumplicidade em igual condição, humana. Esse homem esquece que os povos do continente que supostamente ele quer defender de invasões de "bárbaros" contemporâneos, liderados por mandatários com o mesmo grau de arrogância que o seu, invadiram, assassinaram e roubaram em terras distantes; outros continentes. Espoliaram, investidos de sua crença na superiordade. Roubaram prata, ouro e até hoje levam para si diamantes da África, da Ásia e das Américas levaram e continuam levando minerais preciosos. Onde o povo espoliado que tem fome e sede de alguma justiça irá buscar auxílio, senão nas terras dos escolhidos, dos superiores e dos puros? Onde? Este homem está vivo, e cabe a nos humanos, tão humanos quanto ele, medirmos em nós o que temos feito par alimentar tais atos e visões equivocadas. Aqui uma homenagem aos que naquele dia planejavam apenas terminá-lo bem, deitar, dormir e os que pudessem, sonhar com justiça, irmãos e irmãs juntos sob a sombra das belas árvores de tão bem cuidados parques noruegueses.

2 comentários:

  1. É, foi um domingo lamentável de muitos outros. E não há nada que justifique isto! Abz.Bruno.

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  2. Já se fizeram coisas tão ou mais horripilantes comandadas por homens com medalhas no peito.
    Hoje, qualquer miserável de espírito, sem qualquer medalha, honrado única e simplesmente por sua "liberdade de pensamento" propaga o extermínio da vida. De qualquer vida para a cura do seu ego inflamado e doente. E a civilidade, sem os alicerces do pensamento comum da liberdade e do direito de viver que todo o ser recebe ao nascer, também sofre extermínio, pouco a pouco, a cada arrogante que nasce, dia a dia, em mais e maior número. Bem abaixo do nosso nariz. Bem em frente à cegueira da humanidade egocêntrica e só.

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