terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Tempo Que Passa Lá Fora

Uma breve narrativa sobre os dias que correm. Nenhuma novidade positiva pelo que parece. Mentira, pois sempre há.  A nanoengenharia, ou o ramo da engenharia que estuda a partir da mais reduzida das mais reduzidas formas de interferência física em tecidos, células e sistemas biológicos e químicos, por enquanto, pode ter descoberto o caminho para a cura de toda forma de câncer. Seria uma grande notícia se não estivéssemos vivendo esses tempos sombrios e nada esperançosos, ideologicamente falando. Seria para mais uma vez elevarmos a ciência à sua condição primeira e única. O ramo do saber humano que nos dá, ou pelo menos que mais se aproxima das respostas para questões objetivas. A ciência é cabal, diz e pronto!  Mas, nossa vida cotidiana não é assim, anda mais a deriva que barco a vela em calmaria. Estamos perdidos, agora que ingenuamente acreditamos ter a maioria das repostas que envolve nossa existência, nos perdemos mais ainda. Sabemos muito, mas nada parece ser satisfatório, realmente não conseguimos nos tranquilizar, a verdade é esta; com as respostas que temos. Para a maioria das questões que envolvem o planeta sabemos quais poderiam ser as soluções. Mas, de verdade as colocamos em prática? Não, o tempo lá fora não deixa, mas será mesmo o tempo lá fora ou nosso extremo limite em percebermos que o tempo lá fora é relativo? Cotidianamente acordamos para garantir mais um dia na história cósmica. Mas, até a ciência provar o contrário, apenas nós, no planeta azul estamos pairando no espaço, carregando todas as dúvidas possíveis. Pois, de fora nada ou ninguém veio para trazer algum alento, como a dizer: Não, vocês não estão sozinhos. Crises econômicas, geradas pelo excesso de capital concentrado em poucas mãos provocam desequilíbrio em nosso planeta, principalmente. Mais de 1 Bilhão de pessoas vivem em condições de miséria ou pobreza quase extrema, em um mundo que produz na prática alimentos e bens suficientes para todos os mais de 7 Bilhões. Apenas teoria, pois enquanto você lê esse texto, nesse exato momento lá fora, o tempo insiste em passar... E nossa condição de seres dotados de inteligência superior racional, não nos coloca em condição de resolvermos nossos maiores dilemas. Vamos insistir em nossas escolhas atuais, a maioria delas nos levando ao desequilíbrio, ou de verdade usaremos a razão superior? Podemos praticamente tudo, mas para isso precisamos desejar realmente.

sábado, 1 de outubro de 2016

Quem Souber!

São tempos sombrios estes atuais. Mas também não eram sombrios os dias que antecederam todas as grandes guerras e que presenciaram as epidemias, catástrofes naturais ou provocadas por mãos humanas? Sim também eram sombrios. Contudo, vendo-os à distância, apenas o agora pesa sobre nós e nossas mortais e incertas vidas. Mundo afora cresce o número de "pentamilionários", sim, agora, segundo especialistas e consultores financeiros, esta "nova classe", possuidora de mais de 5 milhões de dólares a seu dispor poderá viver os restos de suas vidas sem se preocupar com a manutenção das mesmas, pois garantiram com trabalho próprio ou herdaram o suficiente para tal. Irônico, são em número cada vez maior nos EUA, o templo das "oportunidades", enquanto a renda da pessoa "comum" na última década e meia caiu e cai. Definitivamente não seremos todos "pentamilionários", alguns comuns precisarão cuidar para que as fortunas deles se mantenham e, claro estes alguns serão mantidos em seus devidos lugares. O que além de segurança material nos garantirá o capital? Quem souber, por favor responda! Não, aqui não me refiro à possibilidade de sendo possuidor de abastados recursos financeiros podermos auxiliar mais pessoas, isto parece óbvio. Ou assim agem os abastados, ou de repente  tem contra si voltadas a ira ou busca pela justiça "possível" de quem os serve. A certeza de um futuro material estável, sem privação alguma? Não. Por acaso podemos garantir o próximo segundo de nossas vidas? Não. Praticamente nada podemos, e mesmo assim, iludidos caminhamos rumo ao paraíso fugaz da certeza material. Insistimos talvez simplesmente por não sabermos, e por não saber, insistimos. E assim acreditando ou não em deuses, ou no capital, tendo fé ou não, merecedores segundo nós, ou não segundo outros pontos de vista. Continuamos marchando rumo ao nada. Em nada nos serão uteis os "pentamilhões" se não percebermos nossa total dependência da natureza... Lixões em diversos pontos dos oceanos acumulam resíduos utilizados cotidianamente por nós. Realmente estamos preocupados com nosso futuro? Quem souber, por favor...!

sábado, 9 de abril de 2016

Alimento, consumismo e egoismo ou "mesquinharias cotidianas"

Quase quarenta por cento da produção de alimentos do planeta é desperdiçada, seja no momento da colheita, do transporte ou do consumo. Quantidade essa suficiente para alimentar toda a parcela que ou está mal alimentada, ou simplesmente não se alimenta diariamente. O paradoxo está no consumo, enquanto uma parcela considerável não tem acesso ao alimento, privada por diversos fatores, mas acima de tudo o econômico, outra, tendo ao seu dispor o acesso a estes bens; os descarta sem cerimônia ou culpa. Jogam fora, assim, sem pudor põe no ´lixo´, o que não lhes serve mais. Ou, pior, “não estava bom”, “não gostei”, “não me agradou”. O egoismo nosso de cada dia exercendo seu papel, e com requinte. E que requinte. Dia desses, antes de entrar em um supermercado de uma rede conhecida, logo uma grande loja, com milhares de itens à disposição, uma garota me pediu um “trocado”, eu disse que na saída lhe daria. Mas, na verdade eu não estava com dinheiro, e por isso simplesmente comprei em maior quantidade alguns produtos para ao sair entregar a ela. Não foram muitos passos dentro da loja, quando ouvi de um outro consumidor com carrinho em punho, estas palavras: “Este supermercado não tem nada”. O que não condizia de forma alguma com a verdade. Em loja daquele porte faltava para aquela pessoa algo, ou faltava tudo. Vá saber! Talvez o vazio estivesse dentro, bem dentro e ele não percebendo, a visão da infinidade de gôndolas e prateleiras tratou de acender a incomoda luz da falta. A falta era dentro. Faltou a percepção de sua condição de “ privilegiado” em poder entrar em um supermercado e comprar, simplesmente escolher produtos e levá-los, poder pagar por eles. O consumismo nos tem distanciado do mundo real e principalmente do humano. E sinceramente, a correção para um caminho que nos leve ao encontro com o outro, parece lenta. É urgente escaparmos desse estado de hipnose consumista coletivo. Na verdade o tempo está contra nós, é mais que urgente, é vital. A garota estava lá fora, ela e outras duas, entreguei a elas a parte que separei para este fim. Agradeceram, e diante de mim, nenhuma delas abriu os pacotes para comer. Acredito que tenham levado para dividir com outras pessoas, mas isso já é outra história.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Os Civilizados, o Lixo e o Planeta

A região sudeste do país atravessa um período de estiagem, que já se estende além do tempo normalmente observado até então. E consequentemente muitos rios e cursos d´água tiveram sua vazão diminuída, colocando à mostra o leito dos mesmos. Nós os civilizados, não estamos nada bem nos quesitos cuidados com a natureza e educação ambiental. Toneladas de resíduos estão sendo agora recolhidos por prefeituras de vários municípios, principalmente no estado de São Paulo. O que é lixo na verdade? Não existe lixo praticamente, pois tudo o que nos cerca e também tudo o que é produzido por uma sociedade industrializada, pode ser reaproveitado. Em países onde políticas públicas priorizam a reciclagem a partir de coleta seletiva, é cada vez mais intensa a ação em prol da redução de danos ao meio ambiente, oriundas de descarte incorreto de resíduos. Estas ações já não são facultativas, elas passaram a ser prioridades incondicionais para nos mantermos como espécie "inteligente" a habitar o planeta, se assim ainda o desejarmos. Cada vez mais torna-se evidente a completa interdependências entre o meio ambiente e todas as formas de vida que o nele vivem. Alcançamos um ponto onde não há mais escolha, ou nos adequamos e passamos a cuidar de forma racional dos resíduos que produzimos, ou pagaremos alto preço por nosso aparente descaso. Nada terá de fato importância para a vida humana sobre a terra, se não admitirmos ser o planeta um corpo também vivo. Países da África atualmente passam por um grave processo, e com possibilidade de tornarem-se epidemias, onde doenças infecto-contagiosas, surgidas principalmente em consequência de más condições higiênicas, além de culturais e religiosas se proliferam. Somos ou não dependentes uns dos outros nesse ecosistema diversificado e ao mesmo tempo frágil? Já não há muito o que se pensar, precisamos mais que urgentemente de ações que invertam todos os processos que possam no futuro serem as causas de nosso declínio como sociedade civilizada. Estamos dispostos aos sacrifícios?

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Indiferença

Peter Sloterdijik em seu lúcido e incômodo livro Crítica da Razão Cínica, mergulha na análise do porque nesses tempos em que vivemos, ela, a indiferença, reina. Em sua proposição mais aguda, o autor proclama que ao tomarmos a direção de tudo problematizar, naturalmente adotarmos postura de indiferença, por nos nivelarmos aos problemas ao pressenti-los. Então, não haveria razão objetiva para tentarmos ir contra a corrente? O autor não responde a esta pergunta. Na verdade esta pergunta eu me faço, e também a faço a quem se aventurar a ler esse texto. Vivemos tempos complexos e dentro dessa complexidade, contraditórios. Hoje, a humanidade está mais próxima de ver decifradas as causas de todas as doenças físicas que a ameaçam, mas ao mesmo tempo e contraditoriamente, parece não ser de interesse dos grupos controladores de tais conhecimentos, e não me refiro aos cientistas, mas sim à indústria química, que os benefícios destas descobertas alcancem a maior parcela possível da população. Será a materialização daquilo que apregoa Sloterdijik? Vá agora até a janela e olhe lá fora. Aqui, enquanto escrevo há sol, vento em forma de brisa que ameniza o calor emanado do sol. Está agradável. Da janela de onde estou, avisto um ambiente urbano, é uma avenida com transito intenso de veículos e pessoas. Observando à distância, tudo parece estar em sua rotina normal. Apenas parece. Vá, transponha a barreira física de sua casa, seu escritório, ou qualquer outro espaço que esteja agora separando você das pessoas lá fora. Tente se comunicar com alguém. Uma pessoa, uma única. Eu disse comunicar. Viver o processo de emitir e receber mensagens, codificando-as, compreendendo. Será praticamente impossível, o único alento é de que essa quase impossibilidade de "comunicação" do ser, é geral. Não importa se sua janela está em alguma rua de Istambul ou em Água Azul do Norte, no Estado do Pará, não importa. A diferença é de que as pessoas da pequena cidade reconhecem por razões de maior proximidade, o outro. Reconhecer não quer dizer "conhecer". A mesma sensação incômoda de não comunicação paira agora nos céus do Planeta. Este distanciamento, comportamento tomado por conta de nosso instinto de auto preservação, talvez, esteja provocando essa "indiferença" nossa de cada dia? E então na busca primeira de resguardar nossa segurança, criamos, ou melhor saímos às ruas vestidos com as "personas" que provocam em nós a sensação de estarmos protegidos. Protegidos da tentativa de "invasão" do outro. Permitir ao outro tomar conhecimento de nossa verdadeira pessoa, seria então arriscado demais. Logo, mantemos esta atitude de precaução. E este excesso afasta-nos. E toda esta nuvem da indiferença cai sobre nós em um dos momentos tecnicamente mais propícios ao encontro, pois estamos completamente conectados. A cidade de Homs-Síria (foto), sofreu bombardeios das forças do Governo sírio em confronto com Rebelados que lutam pela retirada do poder de Bashar al-Assad, herdeiro de Hafez Assad. Assim está parte da cidade, destruída. Postei um comentário relativo a esta foto em um perfil da rede social facebook, não somaram dez o número de pessoas que de alguma forma se manifestaram. X possui 2.759 "amigos" na rede, X alterou sua foto de perfil e 578 pessoas marcaram sua passagem pela página de X, para felicitá-lo. X, jamais posta algo que seja realmente digno de alguma atenção. Eis a "Senhora Indiferença" personificada em nossos dias. Sloterdijik não é pessimista em sua visão acerca da indiferença, ele nem precisa ser. (De janeiro de 2011 até hoje mais de 150.000 civis perderam suas vidas em consequência do conflito).

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Sistemas Cósmicos Perfeitos

Há um mundo completamente organizado em seu princípio de existir. Todas as funções determinadas de forma quase matemática. Razão para as mudanças climáticas (...), porque, os ciclos das estações assim ordenam. A ordem determina tudo e a natureza possui o mecanismo da ordem sob seu controle. Nós! Não possuímos esse controle. Ele nunca esteve em nossas mãos. Somos instáveis em nossos desejos, nossas vontades. A natureza é coordenada e estável, seus ciclos a guiam. Nós sempre vivemos sob as vontades dela, a natureza. Quanta ilusão a nossa, termos um dia imaginado o contrário. Nunca a dominamos, de verdade nunca a controlamos. O sol não está lá para nos servir, mas antes de tudo por sua própria existência! Nós e nossa grande arrogância o temos como o astro que garante nossa vida, por nos julgarmos superiores a ele. Ele existe por si, e mesmo sem saber produz energia. E nós? O que produzimos? Nós que somos simplesmente reféns da força poderosa e devastadora da energia dessa estrela! Nós somos arrogantes, presunçosos e frágeis. E pior ainda, por temer a verdade ao encararmos esse nosso limite. Determinamos sermos os senhores de tudo à nossa volta, inclusive de uma estrela com vida própria (ironia). E tão mais livre que nós. Quanta estupidez a nossa. (...) A estrela não deixou de existir, ela não se apagou hoje. Continuará lá a produzir energia, luz e calor por bilhões de anos ainda. E tudo isso sendo impensável para nós. Bilhões de anos. Bilhões de corpos celestes. Bilhões de átomos em nós mesmos. Toda a organização da natureza, inclusive em nós. Na organização dos elementos que formam nosso corpo físico e nós não percebemos nada. A Natureza a todo o instante nos mostra o quanto somos semelhantes a ela e, até mesmo que somos parte e filhos dela. E nós arrogantemente ignoramos.