quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Insustentável Leveza

-Estou feliz! Ouvi um amigo dizer um dia desses. Perguntei porque, ele respondeu: Por nada, assim sem razão, feliz. Parece estranho ouvir tal afirmativa nos dias de hoje, ou talvez sempre foi estranho. Temos que ter razões para tudo. Para levantarmos a cada manhã. As práticas, são o trabalho, as atividades cotidianas da casa, as crianças para a escola; quem as tem é claro. O cão para passear, quando o "amamos". O automóvel para a revisão ou para reabastecer. Tantas e diversas razões diárias. Apenas a vida prática, racional e produtiva. Mas temos nossas depressões, mal estar aparentemente sem causa. Nossos medos, receios, desesperanças. Frustrações, sejam racionais de fato ou subjetivas. Mau humor, o calor, a falta de chuva ou o excesso dela. As notícias. Ditadores não querem deixar o poder. As pessoas vão para as ruas, muitas morrem. Terremoto, o pânico, o medo de novo. Pessoas morrem, sem ver a queda dos ditadores. Tenha certeza que algumas vítmas no terremoto estavam sonhando a milhares de quilômetros de distância, com a queda de alguns deles, ou de todos eles. Mesmo assim morrem. Felicidade gratuíta. "Leve urgência construindo amor supremo". Leve porque nem percebemos que no fundo nossa vontade é sentir o bem estar que meu amigo sentiu. Urgente porque há milhares de anos, justo o contrário tem sido erguido por nós, o desamor. Vez ou outra, surgem uns iluminados e nos indicam novamente a possibilidade, mas voltamos para a vida prática. O automóvel, o cotidiano pobre em sentimentos e verdadeiras razões para sentirmos como meu amigo, feliz apenas...

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