segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um Lugar Distante

Muitas vezes a impressão que insiste em não se afastar de mim é a seguinte: Vivemos em uma terra muito, muito distante de onde imaginamos estar. O Brasil parece em diversos momentos ser apenas uma ficção, algo que existe nas mentes de cada um de nós e por consequência "administrado" de acordo com interesses individuais. Por isso insistimos em nos manter assim, "preocupados". Sim, entre aspas mesmo. Porque nossa preocupação tem dia e hora marcados, por exemplo. Acontece uma catástrofe. Estamos lá, todos na linha de frente para socorrer as vítmas. Conclamamos a nação inteira, e, no mais alto grau de altruísmo, até os que possuem pouco, entregam-se ao exercício do auxílio. Mas, assim como que esquecendo totalmente nossa condição de humanos civilizados e iguais. Desviamos doações, separamos o melhor do "monte" para nós, para quem "amamos", um par de tênis para este, uma boa peça de roupa para aquela. São tantas cestas-básicas, que uma só não fará falta. E nos sentimos completamente tranquilos em relação a estes atos. Porque oras! O que há demais em nós mesmos nos recompensarmos por nossa boa ação? Não há nada de errado nisso! Nos habilitamos para trafegarmos com nossos veículos pelas ruas e rodovias, mas, ao primeiro sinal de ser parado em uma blitz e na possibilidade de alguma irregularidade vir a ser percebida, alguns de nós não conseguem ter sequer dois segundos de dúvida. Vamos apelar para as desculpas que já estamos treinados em proferir, simplesmente porque as ouvimos de grandes "autoridades" que também já foram, coitadas, por falta de sorte surpreendidas também em seu exercício penoso e individual de administrar sua parte no país da ficção. E propomos uma saída boa para todos. Assim vamos construindo uma terra distante, bela e "hospitaleira". Recebemos turistas, para assassiná-los e roubar-lhes os pertences com o corpo ali ainda recém executado. Criamos depósitos de detentos. Nossas prisões fazem a justiça que desejamos. Ouvi pessoas aprovarem a existência de uma "jaula" em delegacia de uma cidade brasileira dizendo: Eles merecem, são bandidos. As mesmas que tentaram suas pequenas "negociações" para não serem justiçadas na blitz. Fazemos plebiscitos. Fizemos um para decidirmos se o uso de armas de fogo seria proibido ou não. O  "não" venceu. Os jovens que assassinaram outro jovem e promissor atleta na saída de uma festa para roubarem um cordão de ouro, que não levaram. Estão presos nas cadeias que desejamos serem o primeiro passo para nossa "justiça" torta e incompleta. Nossa hipocrisia nos protege. Nossa lei nos ampara, somos ainda uma "nação" tão jovem!. Vamos assim sonhando com a terra distante e perfeita. Um dia ela virá.

Um comentário:

  1. as questões colocadas se originam em uma profunda raiz que, creio eu, será MUITO difícil de tomarmos consciência... porque o sistema, como um todo, é hábil em disfarçar e "abarcar" o que vai contra sua própria engrenagem... é como uma estrela em processo terminal, que absorve tudo ao seu redor até o colapso... o nosso alento é que, INEVITAVELMENTE, esse colapso acontecerá algum dia, mais cedo ou mais tarde...

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